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quarta-feira, 28 de julho de 2010

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Responsáveis pelo projeto Jogo Justo dão mais detalhes em coletiva

Ocorreu hoje, na unidade da Lapa da escola de computação gráfica Saga, uma coletiva que explicou os detalhe do projeto Jogo Justo. Para os que não sabem, Jogo Justo é um projeto idealizado por Moacyr Alves Jr., que visa a diminuição dos impostos cobrados sobre games atualmente em nosso país, dessa forma tornando jogos e consoles mais acessíveis aos brasileiros.

Além da presença do próprio Moacyr, estavam presentes também Marcos Khalil, sócio diretor da rede UZ Games, Cláudio Costa de Macedo, sócio da NC Games e Luiz Carlos Busato, deputado federal e membro do PTB-RS, o representante do projeto na câmara.

A primeira coisa que deve ficar clara, que difere o Jogo Justo de outras iniciativas que já ocorreram, é que ele não busca criar um projeto de lei. Isso se dá porque projetos demoram demais para passar por uma apreciação no plenário, alé de um tempo indeterminado até que possam ser aprovados (vide o estado da lei 300/07). O que se tenta com ele é um contato direto com o Secretário Geral da Receita Federal, convencendo-o a mudar, através de uma espécie de decreto, a categoria de produtos na qual jogos atualmente são enquadrados. Essa reunião ainda não aconteceu apenas porque Moacyr e os outros envolvidos estão juntando o maior número de dados possíveis. A ideia é mostrar empiricamente por que o país teria mais a ganhar com essa redução pois, mesmo que a carga recolhida em cada produto fosse menor, a quantidade bruta do que seria comercializado aumentaria exponencialmente, trazendo na verdade lucros ao governo. Este apelo à razão, uma vez que venha acompanhado de dados que o embasem, seria de difícil recusa. O próprio Sr. Deputado Luiz Carlos disse que, até ter conversado com Moacyr, era completamente ignorante sobre o tema, e agora vê por que essa realidade deve ser mudada. Esses estudos e o recolhimento de dados estão sendo feitos por uma grande equipe, que já conta com diversos colaboradores, e a reunião com os responsáveis deve acontecer pouco tempo após as eleições desse ano.

De acordo com as previsões dos estudos que os responsáveis pelo projeto têm feito, estima-se que o mercado brasileiro de games, que atualmente representa apenas 0,5% do mundial, passe para cerca de 7%. Tomando como base o que aconteceu com o mercado mexicano em anos recentes, acredita-se que o chamado mercado cinza praticamente desapareceria. A pirataria, por sua vez, sofreria uma diminuição, mas não existem ilusões por parte de nenhum dos presentes na coletiva de que ela desapareceria.

Um exemplo do potencial que reside no mercado brasileiro foi dado com o sucesso de Pro Evolution Soccer 2010. Graças a um esforço por parte da Konami, o jogo foi vendido por aqui a R$ 99,00. Esse preço fez com que uma quantidade maior de consumidores o adquirissem, levando o Brasil a representar pouco mais de 40% das vendas do título na América Latina, coisa que nunca antes havia acontecido e que surpreendeu muitos. É claro, há de se levar em conta que estamos falando de um jogo de futebol, que é do gosto de boa parte dos jogadores daqui. Ainda assim, isso não deixa de ser representativo do que poderia acontecer caso todos os títulos custassem o mesmo.

E caso o Jogo Justo dê certo, será essa a quantia que pagaremos por lançamentos. Marcos Khalil e Cláudio Costa de Macedo disseram que, existindo de maneira justa, os impostos que seriam pagos nos jogos seriam de aproximadamente 15%, o que os deixaria custando algo em torno de R$ 130,00. Entretanto, também é necessário levar em consideração que com uma demanda maior as revendedoras poderiam também aumentar o tamanho de suas remessas, e com isso conseguiriam descontos maiores na hora das compras. Isso resultaria em uma diminuição no preço com o qual produtos chegariam às lojas, passando justamente para os R$ 99,00 citados.

Enquanto o primeiro impacto dessa mudança seria garantir que mais pessoas possam comprar jogos e consoles, ela acarretaria em outras consequências positivas. A longo prazo haveria um aquecimento no mercado interno. Isso faria com que os talentos interessados em criar jogos pudessem encontrar oportunidades por aqui, diferente de como acontece hoje em dia. Isso, por sua vez, levaria a uma ampliação de outras partes do mercado, como a possível aparição de mais escolas voltadas à área, como a própria Saga, por exemplo. Pela maneira como os quatro palestrantes falavam, tudo funcionaria como uma bola de neve. O único problema é que os impostos a impedem de começar a rolar.

Ao final da apresentação, um dos jornalistas perguntou aos palestrantes “por que agora?”, o que há de diferente nesse momento que poderia fazer com que esse projeto dê certo? Moacyr e os outros afirmam que não é um questão de momento exato, mas que isso está acontecendo porque é agora que está havendo uma mobilização. Se qualquer coisa, disseram que estamos atrasados em tentar mudar a situação do país e que deveríamos ter começado há pelo menos cinco anos. Um ponto que eles querem deixar muito bem claro é que nada será alterado em nossa atual realidade por livre e espontânea vontade. É necessário que as pessoas se movimentem e ajam. Mais de uma vez foi reiterado que o Jogo Justo é algo popular e não pertencente a nenhuma instituição.

Apesar disso, há um consenso de que este é um momento que não deve ser desperdiçado. A razão disso está nas consequências da crise mundial. O mercado brasileiro foi um dos menos abalados e isso o torna extremamente interessante para investidores, por ele parecer forte. O que acontece é que a carga tributária deixa tudo caro demais para que queiram adentrar o país. Se esse empecilho desaparecesse em um futuro próximo, nós todos poderíamos nos beneficiar dos frutos que muito provavelmente iriam surgir por aqui.

Como um último adendo, vale lembrar que o Jogo Justo é um projeto separado da campanha Imposto Justo para Videogames, criada pela Editora Tambor. Esta procura agilizar a aprovação da lei 300/07, que também diminuiria impostos. De qualquer maneira, Moacyr disse que já teve reuniões com os responsáveis pela campanha, e que os esforços dela poderão ajudar o Jogo Justo.

Você se interessou e quer aumentar as chances de sucesso do projeto? A primeira coisa que pode fazer para ajudar é divulgar. Espalhe e conte para as pessoas do que ele se trata e faça-as entender sua importância. Em segundo, responda esta pesquisa que se encontra no site Jogo Justo, que procura arrecadar mais dados, determinando o perfil do usuário de games. Como é pedido, lembre-se de ser honesto e dizer se consome ou não jogos piratas.

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